A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) anunciou, na última sexta (06), os vencedores do 4ª Prêmio ABMES de Jornalismo. A entrega dos prêmios foi realizada durante a cerimônia on-line de comemoração dos 39 anos da Associação, com show virtual do músico Erasmo Carlos.
Os seis selecionados concorreram nas categorias nacional e regional e nas modalidades vídeo, áudio e escrito. Esta edição registrou 329 inscrições, um recorde de participação de jornalistas de todos o País. Ao todo, serão entregues R$ 75 mil, divididos em seis prêmios em dinheiro. Os três vencedores na modalidade nacional receberão R$ 15 mil cada. Já os ganhadores da categoria regional serão premiados no valor de R$ 10 mil cada.
“É uma alegria premiar trabalhos que promovem a imprensa livre. Ela é o baluarte do estado democrático de direito. Hoje, nós homenageamos não só os que foram premiados, mas os mais de 300 trabalhos inscritos de excelente qualidade”, afirmou o presidente da ABMES, Celso Niskier, antes da apresentação dos vencedores.
O julgamento final foi realizado pelos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), os imortais Arnaldo Niskier, Marcos Vilaça e Merval Pereira, que comentaram sobre a relevância da premiação e a qualidade das reportagens apresentadas. “Eu quero felicitar a ABMES pela sua pertinácia, pela sua permanência nos cuidados com a imprensa brasileira. Nós temos que valorizá-la em toda a linha e não se tem democracia sem uma imprensa livre e determinada, como é a nossa, digna de elogios. E esse trabalho de escolha é muito difícil, porque, evidentemente, todos que participam da premiação merecem uma homenagem”, comentou o professor Arnaldo Niskier.
Merval também destacou a qualidade dos trabalhos inscritos. “Tive a oportunidade de constatar que a abrangência das reportagens no território nacional está aumentando, a qualidade do material é de um ótimo nível. Noto que vem melhorando, ano a ano. Fico muito contente que a ABMES tenha feito essa programação que está ajudando muito a divulgar a educação nos meios de comunicação, estimulando que seja tema de reportagem de jornais impressos quanto de mídias sociais e na televisão e rádio”, avaliou.
Vencedores da categoria Nacional
Na categoria nacional, a jornalista Luiza Gama Drable Santos e sua equipe do The Intercept Brasil, narrou os desafios enfrentados por estudantes que vivem em favela, sem acesso à internet, a se prepararem para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A reportagem foi vencedora na modalidade vídeo. “Quero agradecer à ABMES e à equipe, porque vídeo nunca é uma pessoa só para realizar esse projeto. Quero dedicar esse prêmio ao trabalho do Laerte Breno, fundador e presidente do pré-vestibular comunitário Unifavela, que é esse projeto incrível de resistência popular e agradecer o esforço de todos os educadores populares dessas áreas que não têm nenhuma assistência do governo e que fizeram um trabalho de extrema relevância nesse período de pandemia”, disse Luiza.
Na modalidade escrito, categoria nacional, o vencedor foram Paula Ferreira e Bruno Alfano, de O Globo, com a série de sete reportagens apresentando a trajetória da educação a distância, seu avanço e consolidação. A jornalista se pronunciou em nome da dupla. "Quero agradecer à ABMES por manter esse prêmio nesse momento tão delicado na educação brasileira que vemos que está sofrendo duros ataques, desmontes. Eu acho que manter um prêmio para jornalistas que mostram essa realidade diariamente é uma iniciativa que merece ser parabenizada", disse Paula.
Por fim, na modalidade áudio, o vencedor foram Herbert Araújo e Emerson Matiniano, da Rádio CBN João Pessoa, que contaram a história da menina que amava letras. Hebert comentou sobre a reportagem. “Quero agradecer a todos os que participaram e falaram desse assunto tão importante. E agradecer à personagem central da série, Josileide Barbosa, uma pessoa que tem uma história incrível e que é uma multiplicadora dessa mágica e dessa coisa extraordinária que a educação pode fazer na vida das pessoas”, contou.
Vencedores da categoria Regional
Os legados da pandemia para a educação superior foi o tema da reportagem de Giselle Loureiro e sua equipe da Rede Amazônica, vencedores da modalidade vídeo. “Ganhar um prêmio é muito bom e ganhar em um momento como esse que a gente está vivendo - não só por causa da pandemia, que é um desafio e tanto -, mas também por tanto ataque à imprensa. A gente tem que matar um leão a cada segundo”, desabafou Giselle durante a premiação.
A reforma tributária proposta pelo governo e a ameaça aos diplomas de 1,6 milhão de estudantes foi a abordagem escolhida pela jornalista Junia Oliveira, do Estado de Minas, ganhadora na modalidade escrita. A jornalista agradeceu o reconhecimento. “Há 12 anos sou setorista de educação e é algo que eu faço com muito amor e muita paixão, porque eu acredito que um país só se transforma realmente em uma grande nação através da educação. Estou muito feliz com esse reconhecimento”.
O jornalista Marcos Paulo Frederci relatou como a educação agrega valor à produção cafeeira nas terras do Espírito Santo e venceu na modalidade áudio. “Defender a educação é sempre muito importante, principalmente quando a gente fala sobre produção de café, porque a gente quebra muito esse mito de que nessa produção não se tem conhecimento agregado ou que as pessoas do campo são apenas pessoas mais velhas. E a educação, o ensino, tem inserido cada vez mais os jovens nessa produção cafeeira. É muito gratificante o reconhecimento deste trabalho”, comentou.
Confira os vencedores:
CATEGORIA VÍDEO NACIONAL
Luiza Gama Drable Santos/ The Intercept Brasil
Reportagem: O ENEM, a favela e o coronavírus: 'tem aluno que precisa do wi-fi do vizinho', diz idealizador do Unifavela
CATEGORIA ESCRITO NACIONAL
Paula Ferreira e Bruno Alfano/ O Globo
Série sobre Ensino EAD:
Metade dos cursos tem mais alunos à distância que presencial na rede privada
Maioria da formação de professores já tem em educação à distância
Universitários aponta diferenças entre versões à distância e presencial do mesmo curso
Apesar do boom de matrículas, faturamento das faculdades privadas com modalidade ainda é 'aposta'
Elizabeth Guedes defende punição para maus mantenedores do ensino superior privado
Governo do PT não avaliou modalidade como deveria, diz ex-ministro de Dilma
'Havia concentração de grandes grupos', diz Mendonça Filho sobre flexibilização de ensino à distância
CATEGORIA ÁUDIO NACIONAL
Hebert Araújo e Emerson Martiniano/ Rádio CBN João Pessoa
Reportagem: A menina que amava as letras
CATEGORIA VÍDEO REGIONAL
Giselle Loureiro, Sulamita Rosa, Ricardo Alexandre/Rede Amazônica
Reportagem: Legados da pandemia para o ensino
CATEGORIA ESCRITO REGIONAL
Junia Oliveira/Estado de Minas
Reportagem: Diplomas de 1,6 milhão de estudantes ameaçados pela Reforma Tributária
CATEGORIA ÁUDIO REGIONAL
Marcos Paulo Frederici/Rádio Espírito Santo
Reportagem: Ensino: ferramenta que agrega valor à produção cafeeira
4º Prêmio de Jornalismo
Desde março de 2020, quando a pandemia decorrente da Covid-19 chegou ao Brasil, as incertezas aumentaram para vários setores da economia. De lá para cá, a educação alcançou uma cobertura jornalística inédita diante dos abruptos e corriqueiros impactos, como a interrupção das aulas, migração do ensino presencial para o presencial, mudança no Programa Universidade para Todos (ProUni), Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), curricularização da extensão, entre outras pautas.
Prêmio ABMES de Jornalismo
Criado em 2017, o Prêmio ABMES de Jornalismo tem como objetivo incentivar a imprensa na produção de reportagens e matérias que abordem a educação superior no Brasil. “O crescimento e o desenvolvimento da cobertura jornalística especializada no ensino superior têm impacto positivo no desenvolvimento contínuo das políticas educacionais, além do progresso do país, gerando benefícios sociais, políticos, econômicos e culturais para todas as regiões do Brasil”, afirma o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.
Com a inciativa, explica Niskier, as mantenedoras pretendem estimular a discussão aprofundada, por exemplo, dos programas sociais do setor educacional, como Fies e ProUni, bem como do financiamento estudantil como um todo. “Sem deixar de lembrar do impacto da Covid-19 na educação superior e seus efeitos para as instituições de ensino e alunos”, conclui.
3º edição
Com 296 inscrições, a 3ª edição do Prêmio ABMES de Jornalismo estabeleceu em 2019 um recorde de adesão à iniciativa, mostrando que a premiação entrou definitivamente na agenda dos profissionais de imprensa do país e é reconhecida por sua seriedade e relevância. Jornalistas de todas as regiões do país e de dezenas de veículos de comunicação inscreveram seus trabalhos.
Sobre a ABMES
Criada em 1982, a entidade representa mais de 2.500 instituições particulares de educação superior de todo o país e desenvolve ações no âmbito político e na área acadêmica, como a realização de estudos sistemáticos sobre temas relacionados ao segmento particular. A Associação acredita no potencial da educação como fator de evolução pessoal e do Brasil.
Com uma representatividade de mais de 88% do mercado de educação superior do país, as instituições de educação superior particulares abrigaram 75% do total de matrículas em cursos de graduação no país. Isso significa dizer que majoritariamente a educação superior brasileira se dá no setor privado, o que demonstra sua relevância para o processo de formação de profissionais qualificados e capazes de atender às demandas do mercado de trabalho, além de fazer parte do desenvolvimento das carreiras profissionais.