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Gestão, propósito e liderança pautam seminário sobre captação e permanência estudantil

05/11/2025 | Por: ABMES | 572
Foto: Felipe Pierre/ABMES

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) promoveu, nesta terça-feira (4), o seminário “Modelos de Gestão para Retenção, Captação e Equipe Executiva”, reunindo dirigentes e gestores de instituições privadas de ensino superior (IES) na sede da entidade, em Brasília/DF. O encontro apresentou práticas e estratégias de gestão aplicadas à realidade das IES, com foco na integração entre liderança, eficiência operacional e sustentabilidade acadêmica e financeira.

Ao abrir o evento, o diretor-presidente da ABMES, Janguiê Diniz, destacou que o desafio de gerir instituições vai além da administração técnica, exige visão estratégica, cultura organizacional sólida e propósito. Segundo ele, o fortalecimento do setor depende da capacidade de inovar sem perder a essência humana da educação. “A construção de modelos de gestão sustentáveis passa pela liderança e pela integração entre áreas estratégicas. É a partir das pessoas e de seus propósitos que conseguimos gerar impacto e resultados duradouros”, afirmou.

Captação e vínculo
A estrategista em marketing educacional e de relacionamento Luciana Palhete trouxe um olhar prático sobre os desafios da captação de estudantes em um cenário cada vez mais competitivo. Para ela, conquistar o aluno é apenas o início de uma jornada que deve ser continuamente nutrida para se transformar em vínculo.

Luciana ressaltou que o sucesso na captação depende de três pilares: pessoas, processos e tecnologia. Segundo a estrategista, a integração entre equipes e o uso inteligente de dados permitem construir estratégias mais precisas e experiências de relacionamento autênticas. “A comunicação institucional precisa ser coerente com sua essência. As pessoas não compram cursos; compram histórias, relações e encantamento”, destacou.

Com base em experiências reais, apresentou casos de instituições que, ao investir em auditorias de funil e comitês de gestão, ampliaram a conversão de matrículas e reduziram custos. Para a profissional, a jornada do estudante começa muito antes do primeiro dia de aula, e a retenção é consequência de uma captação bem conduzida.

Permanência e experiência
O vice-presidente de Crescimento, Marketing e Vendas da Cruzeiro do Sul Educacional, Leonardo Gomes de Queiroz, deu sequência ao debate propondo uma mudança de perspectiva: mais do que reter, é preciso inspirar a permanência. Ele lembrou que apenas 24% dos jovens brasileiros entre 18 e 34 anos estão matriculados no ensino superior e defendeu a criação de modelos que ofereçam acolhimento, propósito e significado.

Segundo Leonardo, a permanência não depende apenas de políticas administrativas, mas de uma experiência estudantil coerente e personalizada. “Não basta reter quem não quer ficar; é preciso construir experiências que façam o aluno querer permanecer”, afirmou.

As perspectivas de Leonardo e Luciana convergem ao enfatizar a continuidade entre captação e retenção. O diretor-geral da ABMES, Paulo Chanan, mediador do encontro, reforçou esse ponto ao observar que muitas instituições ainda enfrentam um “vácuo de relacionamento” entre a matrícula e o início das aulas. “Esse intervalo precisa ser repensado. O vínculo começa antes da sala de aula”, destacou.

Liderança e equipe
Encerrando o ciclo de apresentações, a reitora da Universidade da Amazônia (UNAMA), Maria Betânia Fidalgo, destacou que sem equipe não há captação, retenção nem qualidade educacional. Para ela, a liderança é construída na convivência e no exemplo, e a cultura organizacional é o eixo que sustenta qualquer estratégia. “Ninguém nasce líder; torna-se líder a partir do ambiente, da cultura e das relações que vivencia”, afirmou.

A reitora compartilhou experiências aplicadas na UNAMA, como o “Bom Dia”, reunião diária de alinhamento entre gestores com duração de 30 min, e o “Plano de Voo Mensal”, que integra metas administrativas, financeiras e acadêmicas. Também apresentou o Programa de Desenvolvimento de Líderes (PDR), voltado à formação de sucessores e à consolidação da cultura institucional. Para Maria Betânia, o gestor educacional precisa unir empatia, planejamento e resiliência. “Quem não gosta de pessoas está no lugar errado. Educar é um ato coletivo, e o líder precisa gostar de ver gente crescer, alunos e colaboradores”, afirmou, sob aplausos.

Homenagem 
O encerramento do seminário foi marcado por uma homenagem póstuma ao professor Antônio Carbonari Neto, fundador da Anhanguera Educacional e referência na história do ensino superior privado no Brasil, falecido na última semana.  

Em discurso emocionado, Janguiê Diniz relembrou o papel decisivo de Carbonari na consolidação do setor e na criação de políticas públicas como o Programa Universidade para Todos (Prouni). “A permanência de sua obra o torna imortal. Sua trajetória se confunde com a própria história da educação superior privada no Brasil”, afirmou.

A homenagem contou com a presença da esposa, Maria Elisa Carbonari, e da filha, Juliana Carbonari, que agradeceram o reconhecimento e destacaram o legado de compromisso e coragem do educador. Juliana lembrou o entusiasmo do pai e sua crença inabalável no poder da educação. Maria Elisa ressaltou sua convicção de que o ensino é o caminho mais duradouro para transformar vidas.

Propósito e futuro
Ao encerrar o encontro, Janguiê Diniz reafirmou o compromisso da ABMES com a inovação e o fortalecimento da educação superior privada. “Eventos como este reafirmam a missão da ABMES de promover o diálogo, a liderança e a colaboração entre gestores de todo o país. A educação é, antes de tudo, uma rede de pessoas comprometidas em transformar o futuro”, concluiu.