Utilizamos cookies para aprimorar a experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao navegar por este site, você concorda com o uso de cookies.
Ok, entendi!
  • portugues-Brasil
  • ingles
  • espanhol
  • Associe-se
  • Newsletter
  • Imprensa
    • Assessoria
  • Contato
  • CAA
  • Associados
  • Associe-se
  • Newsletter
  • CAA
  • Contato
  • Associados
  • Blog
  • Portal ABMES
  • LInC

Educação Flexível - 2

Paulo Vadas

15/11/2009 16:39:23

Prof. Paulo Vadas Imagine a situação: ela terminou o segundo grau quando a Segunda Guerra Mundial estava chegando no seu auge. Morava na Hungria e acabou sendo presa pelos nazistas, ficando confinada com sua mãe e irmã em um gueto. Ao final da guerra, liberada, casou-se em abril de 1945. No final de 1946, com filho de um ano no colo e grávida de 8 meses, mudou-se com o marido para o Brasil. Aprendeu a falar português com certa facilidade (já era fluente em húngaro, alemão e francês – típico dos cidadãos dos países da Europa Central). Certo dia, caminhando pela Praça da República, viu um daqueles livros de romance em inglês – os chamados pocket-books (livros de bolso). Se apaixonou pela capa e comprou o livro, acompanhado pela compra de um dicionário inglês/português. O primeiro livro foi muito difícil entender, afinal era em inglês (idioma que não dominava) e o dicionário era em português (idioma que mal havia aprendido). Mas, no esforço de entender o romance acabou fazendo duas coisas: começou a aprender inglês, ao mesmo tempo que aprimorava seu português. Isso é que é autodidatismo e força de vontade. Depois de ter lido, literalmente, mais de quinhentos poket-books, dominava o inglês até melhor que muitos americanos. Anos depois, resolveu que estava na hora de mudar a família para os Estados Unidos. Como o Brasil vivia um período de muita instabilidade – era o ano 1962 e o País ainda não havia se encontrado depois da renúncia de Janio Quadros em 1960. Não foi difícil convencer o marido. Mudaram-se. Já nos Estados Unidos, onde a educação é extremamente valorizada e de fácil acesso, resolveu que estava na hora de recomeçar seus estudos – estava com 46 anos de idade. Não teve dúvidas, se inscreveu na Santa Monica City College, uma daquelas faculdades públicas de dois anos, aberta a qualquer pessoa com idade acima de 18 anos e que queira estudar, mesmo que ainda não tivesse concluído o ensino médio. Fez os exames de inglês e matemática (placement tests). Não, não é “vestibular” (isso não existe nos Estados Unidos). São exames para verificar se ela precisava fazer disciplinas de recuperação antes de fazer as disciplinas normais de qualquer curso. Passou sem problemas – além de dominar o inglês, era muito boa com números. No início, resolveu começar bem devagar: ao invés de se matricular em quatro ou cinco disciplinas (full-time), só se inscreveu para duas matérias no semestre (part-time). Já, no semestre seguinte, mais à vontade e segura de si, foi com tudo: escolheu seis disciplinas de General Education (são disciplinas de base, oferecidas, principalmente, nos dois primeiros anos do nível superior, quando a maioria dos alunos ainda não sabe qual profissão pretende exercer). No ano seguinte, com onze disciplinas concluídas, oito cursadas com nota conceito A e três disciplinas não cursadas, porém creditadas em função do seu domínio do Alemão, Português e Francês, concluiu que estava pronta para entrar em uma universidade. Queria o diploma de bacharel em psicologia. Pediu transferência para a California State University, Northridge. Transferiu todos os créditos obtidos na Santa Monica City College, acelerou seus estudos e, um ano e meio depois, estava graduada. Aos 49 anos de idade, três anos depois de ter iniciado o nível superior havia conquistado seu diploma. Mal concluiu o bacharelado, recebeu bolsa para fazer mestrado na University of Memphis, Tennessee. Pegou seu fusquinha amarelo e atravessou o País. Dois anos depois, com todo orgulho que merecia, cheia de confiança e auto-estima, minha mãe, Vera Vadas, pessoa batalhadora, que muito me influenciou com sua vontade, oportunismo e determinação, retornava no mesmo fusquinha com o diploma na mão: era Mestre em Psicologia. Penso: será que teria tido as mesmas oportunidades se tivesse ficado no Brasil? Será que uma pessoa com tanta vontade de aprender, com pouco dinheiro para estudar, teria tido a chance de ter acesso ao nível superior no Brasil com a mesma facilidade? Teria ela conseguido passar pelo vestibular? Teria ela como só estudar duas disciplinas no início, como forma de se acostumar novamente aos estudos formais e ficar mais segura de si antes de se mergulhar nos estudos? Teria ela a chance de acelerar seus estudos, no seu tempo, nas disciplinas de sua escolha, no momento mais adequado para ela? Teria ela a chance de escolher qual curso seguir quando já estava mais claro qual a profissão que queria exercer? Teria ela a chance de obter crédito em todas as disciplinas transferidas, incluindo os créditos recebidos não por disciplinas cursadas, mas pelos idiomas que dominava? Teria ela a chance de concluir seu bacharelado em três anos e, até menos? Teria ela, cinco anos depois de retornar aos estudos, conquistado o título de Mestre? Porque é possível nos Estados Unidos e não no Brasil? Porque o Brasil não adota um sistema flexível de educação superior que vá ao encontro das necessidades e capacidades do aluno, principalmente em relação ao acesso universal – sem vestibular ou qualquer barreira competitiva. Porque não se adota o sistema por créditos de forma ampla para que os alunos possam aproveitar ao máximo seus estudos e conhecimentos? Porque não se adota o sistema de créditos para que o aluno possa cursar seu curso no seu tempo, estudando em tempo integral ou em tempo parcial de acordo com sua disponibilidade financeira e temporal? Porque não se adota o sistema de créditos para que TUDO que já foi estudado ou aprendido possa ser aproveitado quando um aluno se transfere de uma IES para outra? Em outras palavras: está na hora de se adotar um sistema educacional prático; pertinente às necessidades de cada aluno; relevante para uma sociedade que busca a rápida e contínua capacitação da sua força de trabalho, sem desperdícios; flexível para que o aluno possa aprender em função da sua disponibilidade de tempo; acessível para garantir que qualquer pessoa que queira estudar possa fazê-lo, a qualquer momento; enfim; um sistema que respeite o indivíduo e que lhe proporcione a oportunidade de conquistar uma vida digna por meio do prestígio que a educação superior confere a todos que, por meio dela, obtém seus diplomas.  

Competências Não Cognitivas: por que treinamentos rápidos não funcionam

Júlio Cesar de Castro Ferreira

Psicoterapeuta Clínico, especializado em Neuropsicologia, TCC e Psicanálise. Analista Sênior de Treinamento e Desenvolvimento, especializado em Inteligência Emocional e Soft Skills.

29/08/2025

52 

Inclusão Aumentada: IA como Ferramenta de Acessibilidade Educacional

Celso Niskier

Presidente do Conselho de Administração da Abmes
Membro do Conselho Nacional de Educação e Reitor do Centro Universitário UniCarioca.

26/08/2025

8 

Entre o prazo e a extinção: o futuro da EAD em Enfermagem

Janguiê Diniz

Diretor-presidente da ABMES e Secretário-executivo do Brasil Educação, Fundador e Controlador do grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

25/08/2025

3 

Censo da Educação Superior

...
...
...
...
...
...
...
Previous Next

ABMES

  • Portal ABMES
  • Central do Associado ABMES
  • Associe-se
  • Contato

Serviços

  • ABMES Podcast
  • ABMES Play
  • ABMES Cursos
  • ABMES Lab

ABMES Blog

Atualizado diariamente, o blog da ABMES reúne artigos de gestores, reitores, coordenadores, professores e especialistas em diversos temas relacionados ao ensino. São inúmeros debates e pontos de vistas diferentes apontando soluções e melhores práticas na luta por uma educação cada vez mais forte e justa.

ABMES Blog © 2020