Utilizamos cookies para aprimorar a experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao navegar por este site, você concorda com o uso de cookies.
Ok, entendi!
  • portugues-Brasil
  • ingles
  • espanhol
  • Associe-se
  • Newsletter
  • Imprensa
    • Assessoria
  • Contato
  • CAA
  • Associados
  • Associe-se
  • Newsletter
  • CAA
  • Contato
  • Associados
  • Blog
  • Portal ABMES
  • LInC

Na educação, a esquerda é elitista

Gustavo Ioschpe

05/08/2010 05:34:30

[caption id="attachment_241" align="alignleft" width="122" caption="Gustavo Ioschpe"]Gustavo Ioschpe[/caption] Gustavo Ioschpe
VEJA - 02/08/2010
***
Desde a estabilização macroeconômica, a educação passou a ser o maior entrave ao desenvolvimento brasileiro. Mas, ao contrário da hiperinflação, o cerne do problema educacional brasileiro não é conceitualmente complicado. Ainda não conseguimos alfabetizar plenamente nossas crianças, por exemplo. Algo que já foi feito por outros países há mais de 100 anos. A não ser que você seja do time que acredita que a fonte de nossos problemas é a "falta de dom" de nossas crianças, fica claro que nossa dificuldade não é técnica, mas política. Não é aquela visão ingênua de que não há vontade política". ou, pior ainda. a leitura conspiratória de que "as elites" não querem educar o povo. Ocorre que cada candidato ou governante, ao tratar do tema educacional, se defronta com a seguinte opção: se ele comprar a briga e quiser mexer a fundo nas práticas educacionais que nos levam ao atraso. vai suscitar uma violenta oposição dos trabalhadores da educação e seus sindicatos, com greves. protestos e ovadas. Ainda que a ousadia talvez lhe renda alguns editoriais elogiosos em jornais, a massa do eleitorado (que nem lê jamais) não o apoiará. Porque essa população está, segundo apontam todas as pesquisas, satisfeita com a qualidade da educação de seu filho, e culpa o próprio filho pelo insucesso que é do sistema. Abraçar a causa educacional é um suicídio político: não rende votos e causa uma oposição ferrenha. Faz sentido, nesse cenário, que a maioria dos governantes prefira se ocupar de questões menos espinhosas e de resultados mais imediatos. É importante entender, assim, por que os trabalhadores da educação no Brasil são tão avessos a reformas educacionais. e por que suas posições têm tanto impacto. O primeiro foco de análise deve ser a liderança de sua categoria: os sindicatos. A resposta af é simples. Ao contrário do que muita gente parece pensar. os sindicatos de trabalhadores em educação não têm como função primordial pensar no bem do Brasil e na melhoria da qualidade da nossa educação. Seu interesse é pela defesa de seus filiados. Não é o sindicato dos alunos: é o sindicato dos professores, dos funcionários. E é absolutamente natural que assim o seja. aliás. e não vai aqui nenhuma condenação a esse papel. A questão é por que essa visão dos sindicatos virou quase que a visão consensual sobre a educação brasileira; por que ela tem tanto poder. Afinal. na maioria dos casos, a população consegue identificar quando o interesse de uma categoria é lesivo ao interesse do país, e respalda seus governantes na luta contra esses interesses particulares. Por que é diferente em educação? Diria eu que o componente fundamental aqui é ideológico. Os sindicatos de professores conseguiram solidarizar a maioria da população porque desfiam um rosário que cai como música aos ouvidos do brasileiro médio: não apenas o aluno brasileiro é um coitadinho, desamparado pelos pais e pela sociedade, como o próprio professor é um bravo herói que luta contra todas as adversidades. Apoiar essa batalha dos professores é apoiar o Davi contra o Golias. é escolher a justiça social. A proposição ilógica de que o professor pensa primordialmente no interesse do aluno, e não em si, virou axioma. Esse é um discurso que tem aceitação ampla: convence o populacho vitimizado e também a intelligentsia de esquerda, que forma a opinião mesmo dos estratos mais ilustrados. O curioso é notar como praticamente todas as bandeiras defendidas por esses nobres baluartes do socialismo vindouro acabam prejudicando especialmente aqueles que deveriam ser seus maiores beneficiários: a população mais pobre. Vejamos alguns exemplos. A causa em que a esquerda educacional conseguiu maior êxito é na defesa da universidade pública e gratuita. Qual o efeito dessa política? Tirar os mais pobres das universidades públicas. especialmente dos cursos mais disputados e que são, por sua vez. aqueles que tem melhores resultados no mercado de trabalho. Um exemplo simples e ilustrativo: entre os alunos aprovados no vestibular de direito da Universidade de São Paulo (USP) em 2009, 25% têm renda familiar acima de vinte salários mínimos. No curso de enfermagem, são só 2%. Os cursos mais elitizados são mais concorridos e, por serem mais concorridos e pelo número de vagas limitadíssimo oferecido pelas universidades públicas brasileiras (em 2008. foram apenas 277000 em todo o país), só entram os candidatos mais preparados. Os candidatos mais preparados são, via de regra, os filhos de família rica, que estudam em escolas particulares. Não há nada de surpreendente nisso, nem de novo. Pelo contrário: sempre foi assim, e é lógico que assim o seja. Cria-se o mito de uma universidade aberta a todos, mas em realidade só os ricos tem a chave da suíte: aos pobres cabe o elevador de serviço. Outra ideia defendida pela esquerda é a da amplidão do currículo. Esses pensadores veem que os filhos de família rica estudam em escolas que oferecem línguas e fazem esportes. Notam que isso não é oferecido aos alunos pobres. E se insurgem contra essa injustiça. fazendo com que tudo aquilo que os pais de alunos ricos podem proporcionar a seus filhos seja proporcionado também. compulsória e gratuitamente, aos filhos da escola pública. Ocorre que o tempo de sala de aula é finito e o preparo dos professores brasileiros, precário. O que acontece? Quando o governo aprova, por exemplo, a obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia no ensino médio, isso significa que uma escola que hoje já não consegue ensinar o básico tem de dividir sua atenção, seus recursos e sua grade horária entre mais matérias ainda, diluindo ainda mais o aprendizado desse jovem. Isso faz com que o jovem carente possa falar de alienação e mais-valia. mas continue sem saber a tabuada ou sem conseguir escrever uma carta de apresentação, seguirá distante das boas faculdades e, depois, dos bons empregos. Seguirá enfim, sendo pobre. - Outra ideia fixa dos nossos protossocialistas é a oposição ao mérito. A meritocracia, para os pensadores da nossa educação. seria uma maneira de inserir a lógica capitalista no mundo escolar e tratar de forma diferente aqueles que deveriam ser iguais. e inserir um elemento de competição naqueles que deveriam ser colaboradores. Essa visão tem dois desdobramentos: "rotular" os alunos através de resultados de provas ou de notas num boletim seria um atraso e uma violência, e remunerar os diferentes sistemas educacionais e seus profissionais de acordo com o seu desempenho seria um crime. Apesar desse lindo palavrório, a literatura empírica mostra claramente que em educação. como em tudo na vida. quanto mais se trabalha, melhores são os resultados. Alunos que fazem mais dever de casa e mais provas aprendem mais. Alunos de sistemas em que os professores não faltam as aulas e se preocupam com a utilização produtiva do tempo de aula também têm desempenho melhor. Enquanto as escolas públicas tratam os desiguais como iguais e estimulam a acomodação. os filhos dos ricos aprendem mais por estarem em contextos que exigem mais. O programa da esquerda educacional brasileira é francamente elitista. e o que de mais poderoso há na manutenção das nossas grandes diferenças sociais (os estudos quantitativos sobre o assunto sugerem que a desigualdade educacional explica entre 40% e 50% da desigualdade de renda). E mais um dos grandes - e terríveis - paradoxos desta terra estranha ter socialistas ferrenhamente empenhados em aumentar os privilégios da burguesia.  

24/08/2010

A educação na imprensa « Língua

[...] outra dessas reportagens que distorcem a realidade educacional saiu na mídia. A matéria de Gustavo Ioschpe traz uma série de pontos que eu quero [...]

Professores com Superpoderes: O Papel da IA no Fortalecimento da Docência

Celso Niskier

Presidente do Conselho de Administração da Abmes
Membro do Conselho Nacional de Educação e Reitor do Centro Universitário UniCarioca.

16/09/2025

2 

Mais educação com menos recursos: o custo-benefício da graduação privada

Janguiê Diniz

Diretor-presidente da ABMES e Secretário-executivo do Brasil Educação, Fundador e Controlador do grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

15/09/2025

 

A diversidade nas conexões

Janguiê Diniz

Diretor-presidente da ABMES e Secretário-executivo do Brasil Educação, Fundador e Controlador do grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

10/09/2025

 

Censo da Educação Superior

...
...
...
...
...
...
...
Previous Next

ABMES

  • Portal ABMES
  • Central do Associado ABMES
  • Associe-se
  • Contato

Serviços

  • ABMES Podcast
  • ABMES Play
  • ABMES Cursos
  • ABMES Lab

ABMES Blog

Atualizado diariamente, o blog da ABMES reúne artigos de gestores, reitores, coordenadores, professores e especialistas em diversos temas relacionados ao ensino. São inúmeros debates e pontos de vistas diferentes apontando soluções e melhores práticas na luta por uma educação cada vez mais forte e justa.

ABMES Blog © 2020